SALA DE ESPERA. Quantas mais pessoas à espera, mais fácil se torna desenhá-las disfarçadamente. É uma chatice quando dão por isso porque ou ficam desconfiadas, ou dizem logo ao amigo do lado “aquele senhor está a desenhar-me”, ou começam a fazer pose para “ficar bem no retrato” e então continuar aquele desenho deixa de fazer sentido para mim. ::: Ultimamente, fora das grandes cidades, tem-me acontecido as pessoas virem ter comigo e pedirem para ver o desenho que acabei de fazer. Seja o desenho delas próprias, duma pessoa sua conhecida ou de outra coisa qualquer. E então começam a fazer toda a espécie de perguntas e pedem para ver mais desenhos. Gosto muito destas abordagens porque finalmente dão sentido a todos aqueles textos que li sobre “o desenho enquanto forma de aproximação dos indivíduos”. Afinal é mesmo verdade.