AS CIDADES INVISÍVEIS *. Por vezes, enquanto desenho Lisboa, revejo nela – dentro dela – outras cidades que já visitei. Em parte porque nessas cidades longínquas fui tantas vezes surpreendido por ecos da presença portuguesa mas também porque qualquer cidade é muitas outras ao mesmo tempo. Sub-cidades que vivem num outro ritmo, por vezes noutra época. Envelhecem mais depressa ou mais devagar que a cidade-mãe. Assim, este pedaço do bairro de Benfica é na verdade uma outra Lisboa que só alguns conhecem. Uma Lisboa que me traz à memória outras cidades mais pequenas, mais degradadas, mais esquecidas. Com casas vazias, lojas fechadas, outros sons e línguas. Ali cheira a almoço pela manhã e durante o resto do dia à roupa a corar ao sol. Com todas as mudanças sociais que acontecem por estes dias, pergunto-me como será daqui a vinte anos a Lisboa que hoje conhecemos?
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