Esta semana percebi que tenho mais de 800 músicas no meu telemóvel. Que raio, oitocentas músicas! Atingi este número, obviamente, sem tomar consciência disso, numa espécie de festim louco: “vou só descarregar mais este álbum, ainda posso, tenho espaço. Vai-me dar imenso jeito para o ouvir quando for a conduzir num daqueles dias em que não está a chover mas quase e o sol aparece só de vez em quando e não está nem muito frio nem muito calor… ::: Não preciso de 800 músicas no bolso para nada. Ninguém precisa. A sério, quanto tempo demoraríamos a escutar todas as oitocentas músicas que ali moram? Onde inventaria eu esse tempo? ::: Há uns anos eram aparelhos como este quem detinha o monopólio da leitura de músicas. Eram rádio-leitores de cassetes. E no máximo tinham 90 minutos de música – ou seriam só 60? Já nem me lembro. Alguns tinham uma enorme tecla vermelha: REC. E era a loucura porque dava para gravar quando a carregávamos (com força!) juntamente com a tecla PLAY. Passávamos horas a gravar as nossas músicas preferidas e depois a escrever o nome das músicas e a inventar um título para a cassete. Qualquer coisa original como BALADAS nº6. Às vezes ficavam para nós, às vezes oferecíamos aos amigos. ::: Ainda assim, continuo a associar estas relíquias radiofónicas às tardes desportivas de Domingo e a todos os golos que me deram a ouvir na infância.
Uma resposta a “214.”
Tempos de ouro esses, em que se apreciava coisas simples como gravar uma cassete com um dúzia de músicas, em contraste com os dias hoje, em que se descarrega dezenas ou centenas delas enquanto se bebe um copo de água. Enquanto que, por um lado, há muitas coisas boas que a tecnologia trouxe, também há qualquer coisa que se perde, talvez devido à facilidade e abundância, não sei, é difícil explicar. (pensamento de Velho do Restelo?)