NINGUÉM LEVA A MAL.
As folhas dos meus cadernos são (muitas!) vezes assaltadas por riscos alheios bem antes de eu próprio abrir o bloco naquelas páginas. São os meus filhos.
Não me importo: nunca me estragaram nada imprescindível e de todas as vezes que o fazem, deixam-me algo impagável.
O meu filho encheu-me esta página de corações-torcidos (uns corações cuja ponta tem a forma de um anzol), a sua mais recente arma no que diz respeito a declarações de amor nos cadernos do pai.
Mas o mais sorrateiro e infalível vilão-gráfico lá do bairro é ao mesmo tempo o menino doce que nos pede para o desfile de Carnaval uma máscara batida de um super-herói cujo nome nem sabe pronunciar.
Desta aparente contradição, surgiu este super-vilão-bonzinho-e-bigodudo que se esconde atrás dos corações-torcidos que andou a roubar pela noite da cidade.
Corações que mais tarde, com toda a calma, tratará de endireitar no conforto do seu covil.